O ANDES-SN está fazendo o “Levantamento Nacional sobre a presença da EaD nas Instituições de Ensino Superior e EBTT”. O objetivo é combater a política de expansão via EaD como forma de contornar deficiências estruturais e orçamentárias da realidade multicampi de cursos presenciais.
Todas as seções sindicais devem colaborar com o levantamento, por meio do preenchimento do formulário a seguir: https://forms.gle/faNxQtcooUvXeK9R7, até o dia 6 de novembro de 2025. A solicitação foi encaminhada pela secretaria do Sindicato Nacional, via circular 482/2025, no dia 30 de outubro.
A realização da coleta de informações junto às seções sindicais é uma deliberação do 67º Conad, ocorrido o ano passado em Belo Horizonte (MG), e encaminhamento do Grupo de Trabalho de Política Educacional (GPTE), em reunião no final de agosto deste ano.
Dados do Censo da Educação Superior de 2024, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), demonstram que a Educação a Distância (EaD) já responde por mais da metade das matrículas de graduação no país (50,7%). Entre 2014 e 2024, as matrículas de cursos de graduação à distância aumentaram 286,7%, enquanto a modalidade presencial registrou queda de 22,3% no mesmo período.
Embora quase 80% dos cursos ofertados ainda sejam presenciais, o crescimento massivo das matrículas ocorreu na EaD. De acordo com as “Notas Estatísticas” do Censo 2024, das 2.561 instituições de ensino superior no país, 2.244 são privadas (87,6%) e concentram 79,8% de todas as matrículas de graduação, atendendo mais de 8,1 milhões de estudantes. Apesar desse crescimento, conforme o Censo, considerando as e os ingressantes de 2015 a 2024, a modalidade à distância apresenta uma taxa de desistência acumulada de 65%, superior à do ensino presencial (59%), e taxa de conclusão de 34%, inferior aos 40% observados entre estudantes presenciais.
A expansão desenfreada da EaD ainda está ligada à precarização do trabalho docente e de toda a equipe envolvida na oferta desses cursos. A proporção estudante-docente na modalidade à distância (EaD) evidencia profundas desigualdades entre os setores público e privado. Na rede privada, cada docente é responsável, em média, por 170 estudantes, enquanto na rede pública essa razão é de 32 estudantes por docente. Já no ensino presencial, a disparidade também se mantém: são 22 estudantes por docente na rede privada e 10 na pública.
A elevada modalidade EaD privada reflete a exploração e a fragmentação do trabalho docente, características de um modelo de ensino precarizado, que tende a comprometer a qualidade do processo formativo e o acompanhamento pedagógico das e dos estudantes.
Veja a Circular nº 482/2025.
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*Foto: Marcelo Carmargo/Agência Brasil