Milhares de pessoas saíram às ruas em diversas cidades do Brasil, nesse domingo (21), para protestar contra a chamada "PEC da Blindagem" e a proposta de anistia às condenadas e aos condenados pela tentativa de golpe que culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023, em Brasília (DF).
As manifestações, convocadas por movimentos sociais, estudantis, sindicais, populares, partidos de esquerda, centrais sindicais e artistas, ocorreram sob o mote "Congresso Inimigo do Povo" e foram registradas em mais de 33 cidades brasileiras, incluindo todas as 27 capitais, com shows e apresentações musicais. Além de repudiar a PEC e a proposta de anistia, as e os manifestantes exigiram ainda a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, entre outros crimes.
O ANDES-SN esteve presente nos atos em Brasília e em vários outros estados, reforçando a luta contra os ataques à democracia e aos direitos da classe trabalhadora. Na capital federal, milhares de pessoas se reuniram na Esplanada dos Ministérios, em um dos principais protestos do país.
Em São Paulo, segundo o Monitor do Debate Político, da Universidade de São Paulo (USP), 43 mil pessoas participaram da manifestação na Avenida Paulista. Já no Rio de Janeiro, 42 mil ocuparam a orla de Copacabana.
Na cidade de Salvador (BA), milhares de pessoas se concentraram na Barra. Em Belo Horizonte (MG), uma multidão ocupou a Praça Raul Soares. Outras capitais com atos registrados foram Natal (RN), Fortaleza (CE), Recife (PE), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Manaus (AM), Belém (PA), Teresina (PI) e Florianópolis (SC).
Em João Pessoa (PB), as e os manifestantes direcionaram palavras de ordem ao presidente da Câmara, o deputado paraibano Hugo Motta. Brasileiras e brasileiros no exterior também protestaram em cidades como Lisboa (PT), Londres (UK), Paris (FR) e Berlim (DE).
Motivação
As manifestações foram uma resposta direta a duas recentes decisões da Câmara dos Deputados. Na terça-feira (16), foi aprovada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3 de 2021, apelidada de "PEC da Blindagem" ou "PEC da Bandidagem". A medida, que ainda precisa ser aprovada pelo Senado, torna quase nulos os caminhos para punir judicialmente congressistas, permitindo prisão apenas em flagrante de crimes inafiançáveis e condicionada à autorização da respectiva Casa Legislativa.
No dia seguinte, quarta-feira (17), foi aprovado o regime de urgência para o Projeto de Lei (PL) 2162/23, de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que propõe anistiar as envolvidas e os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Com a urgência, o projeto pode ser votado diretamente no Plenário, sem análise das comissões.
Avaliação
Caroline Lima, 1ª vice-presidenta do Sindicato Nacional, presente no ato em Brasília, destacou a importância da mobilização popular diante dos retrocessos.
“Nós, do ANDES Sindicato Nacional, nunca saímos das lutas e das ruas. Hoje, nessa conjuntura marcada por golpes, por tentativa de anistiar golpistas, estamos em Brasília, e em todo o país, dizendo basta! Basta para o centrão e à extrema direita que querem golpear o nosso povo. A classe trabalhadora não permitirá que a PEC da Blindagem ou a anistia de golpista avance. Fascistas não passarão. Nosso lugar é nas ruas contra a extrema direita. Vamos fazer como a Revolta dos Malês, como a Cabanagem, como Canudos: é a insurgência popular já!”, disse.
Já Cláudio Mendonça, presidente do ANDES-SN, ressaltou o significado das manifestações em um momento em que o Congresso Nacional ataca os direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores e o serviço público, reforçando a centralidade da mobilização popular. Ele também reforçou a disposição da diretoria nacional do sindicato, que suspendeu sua reunião de trabalho para se somar à construção dos atos.
“Este ato tem um significado fundamental. Enquanto o Congresso, inimigo do povo, aprova medidas que atacam os direitos dos trabalhadores e tenta aprovar a reforma Administrativa, que quer destruir o serviço público, nós, lutadores e lutadoras, estamos mobilizando a categoria. Compreendemos que somente com muita mobilização e luta derrotaremos esse Congresso inimigo do povo. Estamos nas ruas e nas lutas contra o Congresso, com firmeza e convicção de que iremos derrotar a extrema direita. Vamos à luta, sem anistia aos golpistas”, finalizou.
Com informações de Agência Brasil de Notícias. Fotos: Eline Luz/Imprensa ANDES-SN