Na tarde deste domingo (13), delegados e delegadas reunidos na Plenária do Tema III do 68º Conad votaram importantes deliberações sobre as questões organizativas e financeiras do sindicato, que reafirmam o compromisso do ANDES-SN com a democracia interna e a organização de base.
Entre as resoluções, foram aprovadas as prestações de contas do exercício de 2024, do 43º Congresso do ANDES-SN, realizado este ano em Vitória (ES), e a previsão orçamentária para o ano de 2026.
Com o objetivo de refletir sobre os desafios enfrentados pelas seções sindicais no rateio de Congressos e Conads, foi deliberado que o ANDES-SN faça um estudo para avaliar a possibilidade de mudança na forma de participação das seções sindicais na divisão de custos dos eventos deliberativos do sindicato, considerando as seções sindicais da Amazônia. A proposta visa fortalecer a presença dessas seções nos espaços.
Outra deliberação importante tratou da proporcionalidade e da democracia interna na composição da diretoria do ANDES-SN. A proposta aprovada pelas delegadas e pelos delegados remeteu ao Grupo de Trabalho de Política de Formação Sindical (GTPFS) a construção de um seminário sobre organização sindical até o primeiro semestre de 2026, onde serão discutidas as temáticas.
O caso da Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Aduems-Seção Sindical do ANDES-SN), que vive uma grave crise de desrespeito ao estatuto do sindicato e às decisões de assembleia, também foi discutido na plenária. Em resposta, as e os docentes aprovaram a realização de atividades do ANDES-SN, por meio do GTPFS, para debater e acumular propostas sobre mecanismos políticos e estatutários que impeçam a utilização das estruturas sindicais para censura e criminalização da base. A resolução enfatizou a necessidade de garantir autonomia, transparência e legitimidade nos processos eleitorais, sempre com base no estatuto do Sindicato Nacional.
Ainda durante a plenária, foi aprovada a realização de um seminário, no segundo semestre de 2025, para discutir questões administrativas e financeiras do ANDES-SN.
Comissão da Verdade do ANDES-SN
As e os docentes também votaram a composição da Comissão da Verdade do Sindicato Nacional, com representantes da base. A escolha das e dos integrantes foi realizada após a explicação sobre os critérios necessários para a participação, e a apresentação de nomes se deu por autoindicação ou por indicação das seções sindicais, estivessem ou não presentes no encontro.
A Comissão será composta por três titulares e dois suplentes, que terão a tarefa de dar continuidade ao trabalho de resgate da memória histórica e de enfrentamento às violações cometidas durante o período da ditadura empresarial-militar. Foram eleitas como titulares as docentes Maria Ceci Misoczky, Joana D’Arc Ferraz e o professor Cláudio Ribeiro. Os nomes de Gilberto Calil e Júlio Spano foram indicados como primeiro e segundo suplentes, respectivamente.
Homologação de seção sindical e alteração regimental
As e os docentes aprovaram, para referendo do 44º Congresso do ANDES-SN, a homologação da recriação da Associação de Docentes da Faculdade de Medicina de Marília (Adfamema) como seção sindical do Sindicato Nacional. A decisão foi tomada em conformidade com o Estatuto do ANDES-SN e após a análise da documentação apresentada. A homologação foi celebrada em um ato simbólico no plenário, com a entrega da bandeira do Sindicato Nacional à professora Helena Ribeiro, diretora interina e representante da nova seção.
Também foi aprovada, durante a plenária, a alteração do regimento da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual Vale do Acaraú (Sindiuva SSind.), localizada em Sobral (CE). A mudança foi ratificada pelo 68º Conad, de acordo com o Estatuto do ANDES-SN e com a documentação apresentada pela seção.
Sede do 69ª Conad
Ainda na Plenária do Tema III, as e os docentes escolheram a cidade de São Luís (MA) como sede do 69º Conad do ANDES-SN, que será organizado pela Associação de Professores da Universidade Federal do Maranhão (Apruma - Seção Sindical do ANDES-SN).
Na sequência, Antônio Gonçalves, vice-presidente da Apruma SSind., recitou um poema do maranhense João do Vale, intitulado Todos Cantam Sua Terra: “Todo mundo canta sua terra. Eu também vou cantar a minha. Modéstia à parte, seu moço, minha terra é uma belezinha.”
Logo após, foi exibido um vídeo institucional de divulgação de São Luís, que receberá o próximo Conad.
Cláudio Mendonça, presidente do ANDES-SN e base da Apruma SSind. destacou que a capital do Maranhão representa resistência, luta e cultura. “É muito simbólica também essa passagem de Manaus para São Luís, porque a história amazônica é de grande irmandade. Do Maranhão ao Acre, de Roraima a Rondônia, todos somos floresta. Reforçar isso em um momento de avanço das políticas de desmatamento será fundamental. Eu tenho absoluta certeza de que a Universidade Federal do Maranhão (Ufma) colocará seu coração e sua energia para que seja um evento à altura do nosso Sindicato Nacional”, ressaltou.
Avaliação
“A mesa do Tema III, que tratou dos temas organizativos e financeiros, ocorreu com grande tranquilidade na parte em que o Conad atua como conselho fiscal do ANDES-SN, com a aprovação, sem qualquer ressalva, da prestação de contas e da previsão orçamentária para o próximo período. No que se refere aos temas organizativos, cabe destacar a alegria da plenária com a aprovação de São Luís (MA) como sede do próximo Conad e pelo ingresso de mais uma seção na base de nosso Sindicato Nacional, a Adfamema. Uma maior polêmica ocorreu no debate sobre proporcionalidade na composição das diretorias do ANDES-SN, gerando a deliberação de realizar um seminário sobre democracia sindical no 2º semestre de 2025”, avaliou André Martins, 2º vice-presidente da Regional Rio Grande do Sul do ANDES-SN, que presidiu a mesa. Também coordenaram os trabalhos Annie Hsiou, 3ª vice-presidenta do ANDES-SN; Virgínia Viana, 2ª vice-presidenta da Regional Nordeste I; e Aroldo Félix, 1º vice-presidente da Regional Nordeste 3 do Sindicato Nacional.
Racismo institucional
Antes do início da plenária, o Coletivo de Negras e Negros do ANDES-SN realizou uma manifestação no auditório. Com as bocas vedadas, docentes caminharam em silêncio pelo espaço, em um gesto simbólico de protesto e denúncia contra o racismo institucional. Portando cartazes com frases como “Sem justiça racial, não há justiça social”, “Somos ANDES-SN: docentes antirracistas” e “Lutar não é crime”, o coletivo apresentou um manifesto que reafirma a inseparabilidade entre a luta antirracista, a luta anticapitalista e a defesa da vida e da educação pública.
No documento, o coletivo denuncia o racismo estrutural e institucional nas universidades, a criminalização de docentes negras e negros, e reivindica maior apoio das seções sindicais, com a adoção de cotas internas e ações efetivas de formação antirracista. Também foi exibido um vídeo com depoimentos de docentes negras e negros, que enfrentam o racismo nas instituições de ensino em todo o país. Acesse aqui o manifesto.
Não ao machismo
Durante a plenária, mulheres docentes denunciaram falas machistas proferidas após a intervenção de uma docente. Afirmaram que discordâncias são legítimas, mas que nenhum tipo de violência de gênero será tolerado dentro do sindicato. Com um chamado à solidariedade e à ação coletiva, destacaram: “Mexeu com uma, mexeu com todas. Machistas não passarão!”.
Sinfonia materialista
Outra manifestação que ocorreu no evento celebrou a construção coletiva do sindicato como uma “sinfonia materialista” - antirracista, anticapitalista e antifascista - inspirada nos símbolos da Amazônia e da luta popular. A metáfora dos “sapinhos e sapinhas” foi usada para afirmar a liberdade dos corpos e dos territórios, destacando o papel da região Norte na formação da militância sindical. A intervenção reforçou a importância da união e da justiça coletiva, encerrando com homenagens à luta indígena, à Palestina e à resistência contra o fascismo e ao embargo em Cuba.
Cultura
Antecedendo o início dos trabalhos, o Grupo “Wotchimaücü”, formado por indígenas do município de Tabatinga (AM), apresentaram as canções Ticuna “Lamentação”, “Wiwirutcha” (Pássaro Azulão) e “Ritual da moça nova”. As músicas tratam das vivências do povo indígena, que incluem os rituais de iniciação das mulheres.
68º Conad
Evento deliberativo da categoria, o 68º Conad ocorre de sexta (11) a domingo (13), na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Com o tema central “Unificar as lutas anticapitalistas: contra o colapso socioambiental, em defesa da vida e da educação pública”, o evento é organizado pela Associação dos Docentes da Ufam (Adua – Seção Sindical do ANDES-SN).
Fotos: Eline Luz / Imprensa ANDES-SN
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