Na manhã da última quarta-feira (8), o ANDES-SN se reuniu com o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), José Geraldo Ticianeli, também reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), para tratar de temas urgentes relacionados à defesa da educação pública.
O encontro contou com a presença de Cláudio Mendonça, presidente do Sindicato Nacional, e de Sérgio Barroso, 1º tesoureiro, e teve como objetivo fortalecer o diálogo e articular ações conjuntas entre entidades.
Na pauta, temas como a perseguição política de setores da extrema direita contra docentes e comunidade acadêmica, o orçamento de 2026 para as Instituições Federais de Ensino Superior, as comissões de heteroidentificação e a Lei das Cotas Raciais em concursos públicos (Lei nº 12.990/2014).
Segundo Cláudio Mendonça, o encontro foi fundamental para reafirmar o compromisso com a defesa das universidades públicas diante do crescimento das ameaças e da violência contra docentes. “Abordamos o aumento dos casos de violência contra a comunidade acadêmica, o que exige uma posição mais firme em defesa da educação pública. Informamos que nosso sindicato tem acompanhado de perto inúmeros casos, mas destacamos que é necessário que as administrações superiores adotem ações mais enérgicas para resguardar toda a comunidade acadêmica, que vem sendo atacada — de dentro e de fora — por setores neofascistas. Manifestamos ainda nossa preocupação com o fato de que, em 2026, tais ações violentas tendem a se intensificar”, afirmou.
O presidente da Andifes, por sua vez, reconheceu o esforço do ANDES-SN e informou que tem dialogado com a Advocacia-Geral da União (AGU) sobre o tema, sinalizando uma abertura para uma ação conjunta entre as entidades.
Comissões de heteroidentificação e Cotas
Durante a reunião, os diretores do Sindicato Nacional também apresentaram suas preocupações sobre a composição das comissões de heteroidentificação. Mendonça reiterou que as administrações superiores devem garantir a efetividade da Lei nº 12.711/2012, alterada pela Lei nº 14.734/2023, assegurando a diversidade das bancas.
Em relação à Lei das Cotas Raciais em concursos públicos, o presidente do ANDES-SN destacou que o sindicato atua como amicus curiae na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 1245/2025, que questiona a adoção de sorteio para aplicação de cotas raciais em concursos públicos e processos seletivos da União, de universidades e de outros órgãos e entidades da administração pública federal.
Para o ANDES-SN, o sorteio trata-se de um mecanismo de fraude que busca "limitar artificialmente" o alcance das ações afirmativas. “É evidente o crescente descumprimento da Lei de Cotas, o que representa um retrocesso frente ao papel do Estado brasileiro em enfrentar, de forma objetiva, a realidade de um país majoritariamente negro, onde apenas 20% dos docentes se autodeclaram negros/as”, afirmou.
Orçamento
Outro ponto abordado no encontro foi o orçamento das universidades para 2026, que, segundo o presidente do Sindicato Nacional, evidencia uma década de desfinanciamento da educação pública. “O orçamento previsto é 53% menor que o de 2014. Isso, somado ao avanço de políticas de ajuste fiscal, tende a agravar ainda mais o quadro de precarização e adoecimento docente. É preciso que o ANDES-SN e a Andifes, em articulação com outros aliados, pressionem juntos por mais recursos para as IFE”, destacou Mendonça.
A Andifes informou que negocia um aumento no orçamento — de R$ 6 bilhões para R$ 8 bilhões — e reforçou a importância de mobilização junto ao Congresso Nacional para evitar cortes adicionais.
De acordo com Cláudio Mendonça, a reunião foi essencial para debater, articular e enfrentar os desafios que atingem as instituições federais de ensino superior. “Houve uma demonstração clara da disposição da Andifes em construir, por meio de um diálogo fraterno e franco com o ANDES-SN, agendas que contribuam para o enfrentamento dos desafios que assolam nossas instituições. Fomos informados de que há um esforço contínuo da entidade pela extinção da lista tríplice, o que consideramos um avanço na democratização das universidades”, avaliou.