A Polícia Militar do Espírito Santo reprimiu com extrema violência uma manifestação de trabalhadoras e trabalhadores terceirizados do Setor de Limpeza em greve, durante o protesto realizado na manhã da última quarta-feira (23), na portaria da empresa ArcelorMittal Tubarão, em Serra (ES).
Conforme o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Limpeza e Conservação do Espírito Santo (Sindilimpe-ES), as trabalhadoras e os trabalhadores protestavam em frente à empresa pela equiparação de benefícios como vale-alimentação, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e cesta básica, quando foram surpreendidos por uma intervenção desproporcional da PM, que utilizou bombas, balas de borracha, gás lacrimogênio e spray de pimenta contra as e os manifestantes. Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas, sendo que duas foram atingidas uma no pescoço e outra na cabeça.
Registros compartilhados nas redes sociais mostram a ação truculenta da polícia. Um dos vídeos registrou uma trabalhadora sendo arrastada pelo asfalto por um policial, enquanto outros utilizavam gás lacrimogênio e bombas para dispersar as pessoas ao redor. De acordo com o Sindilimpe-ES, pelo menos quatro pessoas ficaram feridas, sendo que duas foram atingidas uma no pescoço e outra na cabeça.
Em nota, o ANDES-SN repudiou a repressão covarde e desproporcional e exigiu a imediata apuração dos fatos e responsabilização dos agentes envolvidos na repressão violenta, dentro do âmbito da PM. Reforçou ainda que a ação da Polícia Militar do Espírito Santo não pode ser tratada como um episódio isolado.
“Cada vez mais, o aparato estatal tem sido utilizado para reprimir direitos constitucionais dos/as trabalhadores/as, como o direito à greve e à livre manifestação. Trata-se de mais uma expressão da criminalização dos movimentos sociais e da violência sistemática contra quem luta por direitos. É inadmissível que o Estado, por meio de suas forças de segurança, atue como braço armado dos interesses patronais, reprimindo manifestações legítimas por condições dignas de trabalho e salário”, criticou o Sindicato Nacional.
No documento, a entidade se solidariza com as trabalhadoras, os trabalhadores e dirigentes sindicais do Sindilimpe-ES. “Seguiremos firmes na denúncia da violência policial, na luta contra os modos pelos quais o lucro do grande capital se sobrepõe à vida e à dignidade da classe trabalhadora e pela urgente desmilitarização da polícia. Contra a criminalização das lutas! Lutar não é crime!”, afirmou. Confira aqui a nota.
A diretoria do ANDES-SN encaminhou também uma carta ao Secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo, Leonardo Damasceno, na qual solicitou explicações a respeito da ação truculenta da Polícia Militar do Espírito Santo e questionou as providências que foram adotadas para investigar o caso. Registrou também a preocupação com o uso da força excessiva como forma de impedir movimentos paredistas, incluso os setores da educação.
“Não se pode olvidar que o debate travado no Supremo Tribunal Federal, diante da ADPF, 635 volta-se para o reconhecimento da necessidade de se discutir políticas de segurança em conformidade com as determinações constitucionais e com um Estado democrático e de direito”, destacou a carta encaminhada ao secretário do ES. Leia aqui a carta.
A greve
As trabalhadoras e os trabalhadores terceirizados do Setor do Asseio e Conservação que atuam em indústrias do Espírito Santo entraram em greve no dia 21 de julho, por tempo indeterminado. A paralisação foi aprovada em assembleias realizadas no dia 11 de julho, organizadas pelo Sindilimpe-ES. Conforme o sindicato que representa a categoria, movimento implica a interrupção da produção, uma vez que sem o serviço da categoria não é possível dar continuidade às atividades.
As principais reivindicações são a melhoria e a equiparação dos benefícios pagos pelas empresas, como vale-alimentação, vale-transporte, cesta natalina e Participação nos Lucros e Resultados (PLR). De acordo com a presidenta do Sindilimpe-ES, Evani Reis (Baiana), há uma grande disparidade entre os benefícios concedidos pelas contratantes do setor industrial. “A greve acontece porque os patrões não avançam nas negociações, mesmo após três rodadas de reuniões com o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Espírito Santo (Seaces). São empresas que têm plenas condições de melhorar os contratos com as terceirizadas. Quem trabalha na Vale conseguiu vale-alimentação de R$ 1,2 mil, desconto no vale-transporte, PLR de um salário-mínimo e cesta natalina. Os trabalhadores das outras indústrias também precisam ter seu trabalho reconhecido e recompensado”, defendeu Evani.
A greve impacta as seguintes empresas Portocel (Aracruz), Suzano Papel e Celulose (Aracruz), ArcelorMittal Tubarão (Serra), Samarco Mineração (Anchieta). O Sindilimpe-ES estima que mais de 5 mil trabalhadoras e trabalhadores, vinculados a cerca de 100 empresas terceirizadas, atuem em todo o setor industrial do Espírito Santo.
Com informações e fotos do Sindilimpe-ES